Quem anda pelas ruas do bairro de Santo Amaro não pode deixar de perceber a quantidade de mulheres circulando com suas crianças a tiracolo. Nunca fazem nada. Sempre estão a pedir. Quando não estão nas ruas, estão em casa esperando que suas crianças levem a renda do dia. Cumprem perfeitamente o seu papel sob a ótica capitalista: reproduzem a força de trabalho. Quanto mais, melhor! Quanto mais crianças pedindo, mais dinheiro na caixinha. E mais bocas pra alimentar. E mais crianças sofrendo.
Elas mesmas roubam dos seus filhos o direito à infância. É provável que elas desconheçam totalmente a noção de infância, porque também elas não tiveram oportunidade de conhecê-la. Será que não foram violentadas? Por seus pais. Por seus padrastos. Por seus vizinhos. Por seus parentes. Moralmente. Sexualmente. Humanamente. Reproduzem apenas as únicas condições de existência que conhecem. As condições da pobreza, da preguiça e da ignorância.
Falta-lhes educação reprodutiva. Falta-lhes orientação. Por outro lado, sobram-lhes acomodação e ausência de sentido para as suas existências. Será que para elas a única diversão é procriar? Sexo é diversão free. Em toda esquina tem. Sexo inseguro. Basta procurar. Mais gostoso ainda sob o efeito da cola de sapateiro ou do álcool.
Pior é saber que no Brasil existem muitos bairros de Santo Amaro!